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domingo, 31 de outubro de 2010

BRUXA OU FADA?


Todos nós, seres humanos, estamos procurando maneiras de minimizar nossos defeitos e exaltar nossas qualidades. Entre Bruxas e Fadas, a escolha da grande maioria é ficar do lado das Fadas, eu particularmente, prefiro as Bruxas.

A tradição diz que são velhas, feias e montam em vassouras voadoras. Em outras versões, as bruxas seriam belíssimas e perigosas, como diabo com rosto de anjo.

Hoje, a palavra "bruxa" não evoca imagens tão comuns: ao contrário, faz pensar em mulheres como tantas por aí, mas que por trás de seu aspecto comumescondem capacidades extraordinárias.

Ser uma bruxa significa principalmente "saber", por isso é preciso estudar a fundo (especialmente aquilo que diz respeito à natureza, à ciência, às antigas lendas e religiões), viver com total respeito à natureza passando pelos reinos animal, vegetal e mineral, meditar bastante para encontrar a própria harmonia e forças interiores. Além disso, toda bruxa tem seu próprio livro de sabedoria, descobertas e reflexões, além de todos os encantos que conhece.


Tive o privilégio de conviver com uma grande Bruxa, no sentido mais amplo da palavra. Para minha mãe, os arquétipos não eram uma entidade abstrata, eram vivenciados como forças vivas, para ela, a terra e o que dela provém, eram reverenciados com um respeito fora do comum. O poder de cura das plantas e o conhecimento profundo de suas propriedades era notório, conhecimento esse, que boa parte era seu, trazia esse conhecimento dentro de si e a outra parte, era minuciosamente estudado. A natureza e suas forças eram extremamente respeitadas e louvadas, seu jardim de flores e plantas tinha uma logística que só ela era capaz de compreender, tudo ali tinha uma relação profunda, harmoniosa e perfeita. Ela conversava com a natureza, compreendia que precisava dela para se manter viva.

Suas poções mágicas? Sim havia e eram na cozinha lá de casa que eram primeiramente elaboradas e devidamente testadas, não é à toa que era uma chef de cozinha de primeira ordem, artista extremamente apaixonada por seu ofício e que dele fez sua profissão de fé. A cozinha exige conhecimentos profundos, a elaboração de um simples prato é uma verdadeira alquimia, uma alquimia que nós simples mortais, não ousamos imaginar. Quem cozinha, precisa ter boa energia, pois essa energia entra como ingrediente principal. Não é à toa que muitas pessoas da alta sociedade paulistana dos anos 70 e 80, não queriam para os seus banquetes outra pessoa que não fosse minha Bruxa.

Minha Bruxa se foi há alguns anos, o que para mim, mais parecem séculos, no mês e quase no dia delas. A vida vive mesmo nos pregando algumas peças, não é que conheci outra Bruxa que simplesmente a-do-ro?!!!  

Ela é uma espécie de camaleoa e vive se disfarçando, ora se apresenta como professora, ora como estudante aplicada, ora como dona de casa, ora como esposa, mulher, mãe e desempenha competentemente seus múltiplos papéis. 

Essa Bruxa conheci na faculdade e, eis que num momento de distração, ela me arrebatou com seu carinho e atenção, além de ter conquistado meu apurado paladar com sua cozinha alquímica. Ela é das pessoas que prefere a alcunha de Fada e até o tema de sua monografia se refere ao assunto, creio que seja mais um de seus disfarces, mas não adianta, eu a vejo e reconheço, sei que faz parte de um seleto grupo que tenho o privilégio de conhecer.

Hoje, 31 de outubro, dia dedicado a elas, a minha homenagem!
Beijos, minha Bruxa Madrinha!!! 
Ao meu lado, a Bruxa disfarçada de Amiga

2 comentários:

  1. Bruxa ou Fada, o conceito já não importa mais. O importante é ser como dizia Ávaro de Campos, em Tabacaria: "Não sou nada/ nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./ À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."
    Que eles possam ser ralizados junto aos que amamos.

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  2. Anna,

    Tenho acompanhado seus escritos sempre ansioso por mais.
    Leio nas entrelinhas desses escritos sua generosidade para com os que ama (pelo menos sinto assim), também leio nessas entrelinhas seu coração que me faz ter uma vontade danada de ser um privilegiado por conviver com uma pessoa assim, como você.

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