Páginas

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

DOCE INSÔNIA


Na maior cumplicidade e sintonia
viajaram pela poesia...
Gargalharam pela madrugada
Riram de forma abusada
de todos os conceitos e normas...
De toda forma de lucidez
E quando se viram
já sem a lua e as estrelas
pediram deslavadamente ao amanhecer
que apagasse a luz outra vez...


Cenário


Olho essas paredes
separo os ambiente
que decorei
sem olhar
que eu criei
sem querer decorar
que arrumei
para uma felicidade
que nunca existiu.

Hoje sei a diferença
entre vitrine e cenário
É vida
É espaço cênico
de cada um
no seu mundo.

Pensei nas cores
não quis saber dos espaços
vazios
só pensei nos móveis
imóveis
preenchendo
o que nada houve
nunca foi nada
inexistiram pessoas
o cenário virou vitrine
capa de revista
não revista 
por muito tempo.

Combinação de cores
equipamentos de som!
e a combinação de sentimentos
equipamento de ideias?
Só ficou o superficial
no final
que não basta
não preenche a vontade
sem vontade das pessoas
de vir e ir
sem julgamentos
financiamentos
lamentos...
vitrines existem
prontas a se tornarem
cenários
desde que existam pessoas
aptas a atuar
sem medo
do ridículo
do público
das vaias
dos aplausos
de si mesmos.

A vida é teatro
palco!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cheiro Bom


O cheiro era de infância
De estrada de terra
De estrada de ferro
De Maria Fumaça
O cheiro era de café torrado e moído
De café coado
De bolo de cenoura e broa de fubá assados
O cheiro era de doce de leite 
cozinhando no tacho
De paçoca de carne feita no pilão 
O cheiro era de esterco de gado
De mato molhado
De terra afofada
O cheiro era de chuva
e a danadinha ainda nem havia chegado
O cheiro era de vovô carinhoso 
e feliz brincando comigo
De pipa voando no azul do céu
e gargalhadas espalhadas pelo vento
De som de nossas vozes cantando 
as músicas preferidas
O cheiro era de vovô dormindo na rede depois de um dia festivo

O cheiro era de doces lembranças 
e eternas saudades...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Perguntas na mangueira (e na Árvore de Natal)

     Outro dia, tendo recebido um exemplar do Jornal Alecrim e folheando suas páginas sem compromisso antes de lê-lo, uma coluna me chamou a atenção pelo título: Perguntas na mangueira (e na Árvore de Natal). Sem me importar com quem havia escrito, comecei a leitura e, ao ler a primeira frase me lembrei imediatamente da Leila, o que me fez voltar ao título para ver quem assinava. Sorri ao constatar seu nome. Me entreguei à leitura com prazer e fui reportada aos meus tempos de criança, tempos que me recordo com saudades e amor, tempos que me trazem à lembrança a figura do avô mais que amado que costumo dizer, me ensinou com seus diálogos, vivências e descobertas subjetivas que tanto me ajudaram a ler o melhor livro da vida. Por isso, resolvi postar o texto da Leila aqui e dizer que aceitei sua sugestão e que minha Árvore encontra-se repleta das mais variadas perguntas, como um exercício a ser praticado ao longo de nossa caminhada.
          
               
     Meu irmão costuma dizer que as palavras foram o único brinquedo que ele guardou de sua infância. Filhos de uma professora de português, crescemos cercados pelos livros, mas, além do gosto pela leitura, aprendemos cedo o quanto era prazeroso (e importante) conversar. As conversas quase sempre aconteciam perto do fogão de lenha, que usávamos como uma espécie de quadro-negro: minha mãe deixava uma caixa de giz à vista e ali, na superfície vermelha do fogão, rabiscávamos uma infinidade de recados uns para os outros. Afinal, éramos seis filhos e sempre havia o que dizer.

     Mas o que me fascinava mesmo eram as longas conversas que minha mãe tinha conosco. Ao nos ensinar a ver as palavras como aliadas, ela fez com que aprendêssemos a abrir o coração sem reservas, a expressar os sentimentos sem medo. Falávamos sobre alegrias e incertezas. Compartilhávamos os nossos sonhos(que eram muitos) e nossas tristezas (que também eram várias). E sempre saíamos melhores, e mais adultos, daquelas conversas.

     Mas talvez a lição, ou o exemplo, mais bonito deixado por ela tenha sido o costume de dependurar perguntas nos galhos da mangueira. Quando estava angustiada - quando os problemas pareciam estar além de sua capacidade de resolvê-los - minha mãe "fugia" para o quintal e me levava com ela. Nós duas no sentávamos nas raízes da mangueira (eu ainda criança) e ela ia falando baixinho sobre suas incertezas, suas dúvidas, sua perplexidade diante da aparente falta de saídas num cotidiano que não tinha nada de simples. Depois que ela desabafava, eu perguntava também - e eram muitas interrogações se esforçando para caber naquele vocabulário de criança. O fato é que ali ficávamos, as duas, e, a certa altura, minha mãe me puxava pela mão, apontava para aquela árvore frondosa e dizia: "Pronto. Nós já dependuramos as perguntas todas nos galhos da mangueira. Agora você vai ver como a gente vai se sentir melhor..." E a gente realmente se sentia. Ali naquela sombra, no mesmo chão onde ensinou meus irmãos a ler desenhando as letras com pedrinhas, minha mãe me mostrou como é importante perguntar. Aprendi que os pontos de interrogação nos fazem ir além da superfície e isso, no final das contas, é viver.

     Nesta época do ano, vendo as árvores de Natal decoradas com mil luzes, sempre me lembro da mangueira de Araxá e penso como seria bom se, junto com as bolas coloridas e os enfeites, a gente pudesse dependurar nossas interrogações. Na pressa em que vivemos, vamos deixando, aos poucos, de refletir. Faltam perguntas no mundo de hoje. pouco questionamos nosso estilo de vida e nossos valores. E, ao aposentar os pontos de interrogação, transformamos a vida em algo menor do que ela poderia ser.

     Fica, portanto, a sugestão: que na árvore de Natal deste ano as perguntas dividam espaço com a decoração. Perguntando nós avaliamos melhor nossos comportamentos e nossos estados de espírito, passamos a ter mais chance de conviver melhor com quem nos cerca. O excesso de certezas nos entorpece e nos leva a viver no piloto automático. As indagações, ao contrário, trazem à tona paradoxos que não podemos ignorar, contradições que precisamos entender para sermos mais reais e mais verdadeiros - ou seja, elas nos deixam melhores e mais conscientes da infinitas possibilidades do viver. Esse talvez seja o melhor presente de Natal que podemos dar - para os que convivem conosco e para nós mesmos.

Leila Ferreira é jornalista e autora dos livros A arte de ser leve e Mulheres Por que será que elas...?  


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011



Minas gerou
em mim
uma geral

um acorde
corda desafinada
discordante
de um eu ausente
concordante
neste presente

dói saudade
dissonante verdade
constante mentira

retira
este meu sentimento
lamento meu

vou te malquerer
te maldizer
me humilhar

eu vou te amar
te procurar
os dias contar
até você reaparecer


domingo, 11 de dezembro de 2011

Quando todo o país encerram as homenagens, mais que merecidas, a Clarice, eu a reverencio como faço à cada momento em que não me canso de ler e reler sua obra. Ela é minha "Estrela" maior. À cada nova leitura descubro e redescubro, leio pelo prazer quase inocente de redescobri-la sempre, espantosamente atual, humana e divina...
As últimas palavras de Clarice antes de sua partida:

"Sou um objeto querido por Deus. E isso me faz nascerem flores no peito. Ele me criou igual ao que escrevi agora: 'sou um objeto querido por Deus' e ele gostou de me ter criado como eu gostei de ter criado a frase. E quanto mais espírito tiver o objeto humano mais Deus se satisfaz..
Lírios brancos encostados à nudez do peito. Lírios que eu ofereço e ao que está doendo em você..Pois nós somos seres e carentes. Mesmo porque certas coisas - se não forem dadas - fenecem. Por exemplo, junto ao calor de meu corpo, as pétalas dos lírios se crestariam. É por isso que me dou à morte todos os dias. Morro e renasço.
Inclusive eu já vivi a morte dos outros. Mas agora morro de embriaguês de vida. E bendigo o calor do corpo vivo que murcha lírios brancos.
O querer, não mais movido pela esperança, aquieta-se e nada anseia.
Meu futuro é a noite escura e eterna. Mas vibrando em elétrons, prótons, nêutrons, mésons, e para mais não sei, porém, que é no perdão que eu me acho.
Eu serei a impalpável substância que nem lembrança do ano anterior substância tem."
(Apud Borelli, Olga. Clarice Lispector: Esboço para um possível retrato, pp. 61 a 62)

E como disse nosso poeta Carlos Drummond de Andrade na ocasião da morte de Clarice :

“Clarice

Veio de um mistério

partiu para outro

ficamos sem saber a essência do mistério

ou o mistério não era essencial.

Essencial era Clarice vagando nele.”

Vago sempre nesse mistério tentando descobrir a essência, porém, o gênio de Clarice me relembra sobre sua escrita :

"Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro. Quero escrever amarelo-ouro com raios de translucidez. Que não me entendam pouco-se-me-dá. Nada tenho a perder. Jogo tudo na violência que sempre me povoou, o grito áspero e agudo e prolongado, o grito que eu, por falso respeito humano, não dei. Mas aqui vai o meu berro me rasgando as profundas entranhas de onde brota o estertor ambicionado. Quero abarcar o mundo com o terremoto causado pelo grito. O clímax de minha vida será a morte."

A escrita de Clarice, me faz lembrar os versos do poeta indiano Rabindranath Tagore que diz :

"Se não falas, vou encher o meu coração com o teu silêncio e agüentá-lo. Ficarei quieto, esperando, como a noite em sua vigília estrelada com a cabeça pacientemente inclinada. A manhã certamente virá; a escuridão se dissipará, e a tua voz se derramará em torrentes douradas por todo o céu. Então as tuas palavras voarão em canções de cada ninho dos meus pássaros, e as tuas melodias brotarão em flores por todos os recantos da minha floresta." 

Enfim, assim é Clarice. É Lis, é Lírio, é Lispector no peito!










quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Cruz e Sousa


        Tem poetas onde interessa mais a obra, artistas cuja peripécia pessoal se reduz a um trivial variado, sem maiores sismos dignos de nota, heróis de guerras e batalhas interiores, invisíveis a olho nu. Tem outros, porém, cuja vida é por si só, um signo.
        O desenho de sua vida constitui, de certa forma, um poema. Por sua singularidade. Originalidade. Surpresa.
        Cada vida é regida pelo astro de uma figura de retórica. Certas vidas são hiperbólicas. Há vidas-pleonasmo. Elipses. Sarcasmos. Anacolutos. Paráfrases.
        A figura de retórica de Cruz e Sousa é o oxímoro, a figura da ironia, que diz uma coisa dizendo o contrário.
        Que outra figura ajustaria a este negro retinto, filho de escravos do Brasil imperial, mas nutrido da mais aguda cultura internacional de sua época, lida no original? Quais formas exprimiriam a radicalidade com que Cruz e Sousa assumiu a via poética, como destino de sofrimento e carência a transformar beleza e significado?
        Na poesia, na realização enquanto texto, Cruz e Sousa superou o dilaceramento entre os antagonismos de ser negro no Brasil (mão de obra) e dispor do mais sofisticado repertório branco de sua época (o "espírito").
        Não deixa de haver mistério no fenômeno de serem negros, oriundos da raça mão de obra, o maior prosador da literatura brasileira, Machado de Assis, e, sob certos aspectos, nosso mais fundo e intenso poeta. Mas "na arte, não há segredos, só mistérios", já disse Gilberto Gil. 
        O post de hoje vem em homenagem aos 150 anos desse poeta que, fosse um negro norte-americano, teria inventado o blues. Brasileiro, só lhe restou o verso, o soneto e a literatura para construir a expressão de sua pena. 

Eternidade Retrospectiva

Eu me recordo de já ter vivido,
Mudo e só por olímpicas esferas,
Onde era tudo velhas primaveras
E tudo um vago aroma indefinido.

Fundas regiões do Pranto e do Gemido,
Onde as almas mais graves, mais austeras
Erravam como trêmulas quimeras
Num sentimento estranho e comovido.

As estrelas longínquas e veladas
Recordavam violáceas madrugadas,
Um clarão muito leve de saudade.

Eu me recordo d"imaginativos
Lugares liriais, contemplativos
Por onde eu já vivi na Eternidade!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011




Folheando as ruas da cidade
Achei!
Entre as margens mortas das calçadas,
no tapete do asfalto negro
Um leito arado,
A faixa branca
para se plantar poesia.
Assim, semeei muitas letras.

E tomara que estas, quando palavras,
Se enrosquem todas
Nos pneus dos carros,
ocasionando um irreversível acidente...
Literário

segunda-feira, 7 de novembro de 2011


Quero continuar a beber
as águas cristalinas
das fontes
nas minhas botas prateadas

...e responder com uivo de lobo
simplesmente ao ar
dessa minha liberdade
que respiro
explosiva
demorada
inconsciente
com os pés no chão de estrelas...


Quero continuar a beber as águas
tanto quanto
devorar o mundo
com perguntas
e respostas
molemente
extravagantemente
ritmadamente
somadas às outras
individualidades
loucamente.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011



Estão por toda parte
Convivemos com elas
evidentes ou ignoradas

Nas ruas
madrugadas
e vales

Hoje é dia das bruxas
Hoje é dia das fadas!

domingo, 23 de outubro de 2011

Rédeas


Nós temos nossos próprios
mandamentos
mais de duzentos
um para cada sentimento

Somos guiados
por maiores elementos
diferentes departamentos
de criação
refletindo ação
em direção à luz

Eles tentam segurar
como podem
as rédeas

Tentam evitar
como podem
as guerras


Tentam esconder
como podem
nossos espelhos

Tentam aumentar
como podem
nossos reflexos

Tentam conduzir
como podem
a nós, sem nós,
as suas marionetes.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

SÃO FRANCISCO


Hoje, comemoramos o dia de São Francisco de Assis, que teve em seu plano maior trazer a vivência do Evangelho de Jesus às criaturas, por isso, pregava o desprendimento sem miséria, amor sem apego e perdão sem conivência, fraternidade com respeito, caridade com discernimento e divisão dos bens nos lugares apropriados, sempre trabalhar para viver com o suor do próprio rosto, liberdade com responsabilidade, alegria e energia sem violência, além disso, compreender e escolher o Bem sem ostentação.

A religião de Francisco é o Amor e, por ser ele um Cidadão Universal, sua máxima foi: quem quiser ser o primeiro, que seja o último; quem quiser ser o maior, que se faça o menor de todos, pois ninguém realiza nada sozinho e, se o que manda não sabe obedecer, acaba ficando só nos caminhos que idealiza, por esse motivo Francisco fez amigos não pelo prazer de desfrutar a amizade, mas pelo dever da criatura que ama o próximo, criando uma comunidade para que o Evangelho fosse difundido em vários cantos do mundo.

Trabalhou, sacrificou os prazeres sem importância, vivenciou o desprendimento, encarou a consciência face a face sem medo de ouvir condenação, por ter cumprido o dever de quebrar o frasco de essências raras para que o povo cansado e oprimido, pudesse sentir o perfume da esperança. Francisco de Assis nos mostra o quanto vale o Amor e há pouco mais de oito séculos, faz a humanidade conhecer aquele Cristo de há mais de dois mil anos, fundindo todas as virtudes na expressão que Sua vida nos oferta.

Francisco venceu a morte porque venceu as imperfeições, lutou contra os instintos inferiores e alcançou a vitória sobre os inimigos internos, consolidou os dons espirituais no coração e irradiou o Bem em todas as direções.

Foi bom
Foi justo
Foi honesto
Foi feliz
Foi trabalhador
Foi irmão
Foi perdão
Foi manso
Foi enérgico
Foi compreensivo
Foi caridoso
Foi carinhoso
Foi pai
Foi tolerante
Foi humilde
Foi pastor
Foi santo
Foi místico
Foi homem
Foi anjo,
porque cultivou um jardim de virtudes dentro do coração.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

SETEMBRO



Cante bem-te-vi...
Cante sabiá...
Cante juriti
para anunciar
que é tempo de vicejo
Toda atenção
será de grande valia
para que a beleza
e o perfume dos dias
possam ensinar
segredos minuciosos
de uma natureza fértil
pronta para primaverar

sábado, 10 de setembro de 2011


Agora apenas se permite ser
Agora é apenas um pássaro 
liberto na imensidão do horizonte
Como é sublime 
poder voar no azul aberto
sentir o livre
sentir o vento
e se deixar levar
Pode sentir os respingos 
do orvalho
Sentir o frescor da brisa
Sumiram problemas e compromissos
O amor que sente agora
só dá prazer
Agora é apenas
Um coração liberto
e um par de asas...


domingo, 28 de agosto de 2011


No só,  tenho
Dó de mim
do meu não ter
tenho lua
companheira
clara-bela
pela janela
aberta
me fechei
olhei para o meu mundo
enquadrado
enjaulado
restrito demais
para minha loucura
muito detrito
para minha amargura.

Prendi lágrimas
e a boca seca
ressecou meu riso
Não choro nenhum choro
corro de carro
fujo daqui
para me procurar
para voltar pra mim
sem medo de ser
pro - meio termo
pro-fundo
e
poder recomeçar
(até quando?)

domingo, 21 de agosto de 2011

Minha oração para hoje:





A beleza da tarde era tão disponível
e muitos não a percebiam
A lua já presente no céu azul
crescia para tornar-se cheia 
de tanto minguar
A poesia conspirava inquieta
desejando asas
O coração concebia na beleza
o quanto sofria
o quanto a saudade
 à partir daquele instante
se tornaria inevitável
Os olhos perdidos no horizonte
entregues permaneciam
vidrados de saudade
vidrados de poesia...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

RESSARCIMENTO


O ombro que carregou sofrido
pesada cruz
Carregou também escondido
um par de asas azuis...
O olhar azul se foi
foi juntar-se ao horizonte
que contemplamos todos os dias...
O finito tornou-se infinito
pois deixou o corpo cansado
e passou a ser
sentimento
inteligência
e alma...

 "Foi o tempo que perdeste com  tua rosa que fez tua rosa tão importante"

Tua imagem
percorre mansa
minha memória
enquanto o amor
teimoso em calma
cisma de fazer-te
reverências eternas

Em memória de Betho

domingo, 7 de agosto de 2011

HIROSHIMA, NUNCA MAIS!


Hiroshima, meu amor...
Hiroshima foi a dor
Hiroshima aconteceu
E jamais se esqueceu
Na madrugada do dia triste
O caos desceu à Terra
Foi a guerra pior que a guerra
Violência, sacrifício, dor
Pânico, destruição e pó
A poeira letal, mortífera
Espalhou-se pelo mundo inteiro
E hoje ainda paira nos espaços e nas pessoas
A lembrar o hediondo sacrifício
Em nome da paz
Aos homens, que à cada dia vivem mais inseguros
Aperfeiçoando máquinas diabólicas
Sempre à espera de alguém
Alguém que até por engano
Puxe o gatilho fatal
Hiroshima, meu amor
Há muitos anos que te vais
Mas em nome do Amor Universal
Em nome da Paz
Hiroshima, nunca mais! 

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A TODOS OS AMIGOS



Amizade (do latim amicus; amigo, que possivelmente se derivou de amore; amar, ainda que se diga também que a palavra provém do grego) é uma relação afetiva, a princípio sem características romântico-sexuais, entre duas pessoas. Em sentido amplo, é um relacionamento humano que envolve o conhecimento mútuo e a afeição, além de lealdade ao ponto do altruísmo.

Explicar o significado da amizade é algo tão complicado e tão desnecessário, afinal, quem é que nunca teve um amigo na vida? Fosse ele um colega da escola, o avô, o peixinho dourado do aquário?

Qualquer um que já foi capaz de amar alguém na vida, já teve um amigo!
A amizade é a base de todo e qualquer relacionamento. E qual é a base da amizade? Ah, nada além da confiança, do carinho e do respeito!

É impossível imaginar uma vida feliz sem um amigo... 'Não conseguiria imaginar minha vida sem a presença de meus amigos'. clichê? É, pode até ser, mas se você tem um amigo, não há frase melhor pra descrever o que sente por ele!

Eu posso dizer que sou feliz, por todos os seres maravilhosos que me consideram uma amiga. E digo mais, serei eternamente grata por receber título tão honroso, tão importante e que guardarei os amigos na parede da memória e no relicário do coração pelo resto da vida.


Este post é dedicado a todos os meus queridíssimos amigos que sabem bem quem são, dispensando assim a citação de todos os nomes... 
Amo todos vocês!


sexta-feira, 24 de junho de 2011

É NOITE DE SÃO JOÃO!




"Este ano, como todo ano / Uma vez por ano /
Tem quadrilha no arraial / E este ano, como sempre, /
Salvo chuva e salvo engano, / A satisfação é geral" (Chico Buarque)

Quadrilha, comidas de milho, forró, fogos de artifício, simpatias, tempo ameno e diversão. Assim é o São João. Preparar a fogueira para uma festa colorida, enfeitada e alegre. Esperada por mim e executada por minha mãe em tempos felizes. Uma festa para render homenagens a três santos, Santo Antônio, o casamenteiro, 13 de junho; São João, 24 de junho; e São Pedro, 29 de junho, que garante a chuva que cai ao longo do mês e encerra o ciclo.

O que mais me agradava eram as comemorações simples, a rua toda enfeitada, o forró pé-de-serra, os casais dançando, o milho assado na hora, a batata doce assada na fogueira e as pessoas sentadas perto dela, contando histórias. E na hora de dançar a quadrilha, nada de apresentação de gala, de concurso, e sim a pura diversão. As comidas com fartura regadas com quentão, pipoca, maçã do amor, as pessoas se reuniam para ver os fogos enfeitarem o céu e tínhamos uma confraternização em pleno meio do ano (quanta saudade!).

O que mais me agradava e que posso trazer para os dias de hoje são as músicas. As instrumentais, ótimas para dançar quadrilha, as do nosso Gonzagão e as cantigas populares, bem humoradas: "Com a filha de João/ Antônio ia se casar/ Mas Pedro fugiu com a noiva/ Na hora de ir pro altar" (Benedito Lacerda e Oswaldo Santiago) ou "Eu pedi numa oração/ Ao querido São João/ Que me desse um matrimônio/ São João disse que não/ São João disse que não/ Isto é lá com Santo Antônio" (Lamartine Babo).

E ainda as que traduzem a beleza da festa: "Chegou a hora da fogueira/ É noite de S. João/ O céu fica todo iluminado/ Fica todo estrelado/ Pintadinho de balão" (Lamartine Babo), "Pula a fogueira Iaiá/ Pula a fogueira Ioiô/ Cuidado para não se queimar/ Olha que a fogueira/ Já queimou o meu amor" (João B. Filho), "O balão vai subindo/ Vem caindo a garoa/ O céu é tão lindo/ E a noite é tão boa/ São João, São João/ Acende a fogueira/ No meu coração" (Carlos Braga e Alberto Ribeiro).

Como as marchinhas de carnaval, essas cantigas juninas já não seduzem os compositores de forró. Muitos deles preferem aderir à moda eletrônica e transformam o São João numa festa de grande estrutura sim, mas de pouco romantismo. Ainda bem que as músicas, boas ou ruins, permanecem. Particularmente, escolho as que mais me encantam e deixo que a fogueira continue acesa dentro do meu coração iluminando minhas recordações!

terça-feira, 14 de junho de 2011

QUE SERIA DE MIM SEM A FÉ EM ANTÔNIO


Durante o mês de junho comemoramos as tradicionais Festas Juninas, fato que me faz voltar aos tempos de menina e recordar as grandes festas promovidas por minha mãe.
Noites de festas muito animadas, divertidas, coloridas, alegres, com as fogueiras que não podiam faltar e claro, as comidas típicas. Noites que a rua na qual morávamos era fechada e a festa corria solta, animada pela música tocada por um sanfoneiro e por tudo que correspondesse às três datas do calendário junino.
Mamãe promovia essas festas pelo simples fato de amar a época e por sua fé e devoção no Santo Casamenteiro que, segundo ela, Santo Antônio nunca lhe faltou toda vez que a ele recorreu. Na época, o que fazia sentido para mim eram mesmo as festas, a quadrilha e as quitandas tão amorosamente preparadas por D. Cida, que se tornaram tradicionais em nosso bairro - todos sabiam: dia 13 de junho, independente de ser dia de semana, era comemorado religiosamente. Os dias 23 e 29 de junho São João e São Pedro, comemorava-se sempre no final de semana mais próximo das datas. 
Hoje sinto falta da alegria desses dias tradicionais comemorados em São Paulo, principalmente da alegria e animação contagiantes de minha mãe que estão carinhosamente guardados para sempre em minha memória e em meu coração.
Ontem, - sei que estou com um dia de atraso, mas nunca é tarde - foi  dia de Santo Antônio e em homenagem à devoção de minha mãe (creio que acabei herdando alguns traços dessa devoção, tamanha era sua fé ) deixo aqui um hino e uma canção interpretados por ninguém menos que "Minha Deusa!" - Será coincidência?  Creio piamente que não, afinal, "que seria de mim meu Deus, sem a fé em Antônio?!"






segunda-feira, 13 de junho de 2011

PASSAGEM DAS HORAS - 123º ANIVERSÁRIO DE FERNANDO PESSOA


Não sei sentir, não sei ser humano,
não sei conviver de dentro da alma triste, com os homens,
meus irmãos na terra.

Não sei ser útil, mesmo sentindo ser prático, cotidiano, nítido.

Vi todas as coisas e maravilhei-me de tudo.

Mas tudo ou sobrou ou foi pouco, não sei qual, e eu sofri.

Eu vivi todas as emoções, todos os pensamentos, todos os gestos.

E fiquei tão triste como se tivesse querido e não conseguisse.

Amei e odiei como toda gente.
Mas para toda gente isso foi normal e instintivo.
Para mim sempre foi a exceção, o choque, a válvula, o espasmo.
Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto demais ou de menos.
Seja como for a vida, de tão interessante que é a todos os momentos,
a vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,
 a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão, 
de sair para fora de todas as casa, 
de todas as lógicas, de todas as sacadas
e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos.

Passagem das Horas - Álvaro de Campos 



DIFERENCIAIS


Difícil entender certas coisas
Certas manias
Certas pessoas e poesias
Difícil entender
certos dias de chuva
Certas barrigas vazias e cheias
Difícil entender
as diferenças do mundo
O primeiro e o último
O pesar apesar dos absurdos

domingo, 12 de junho de 2011


Você estava ali
onde fui por acaso
quando nem sabia
se você morava
se você existia

Sempre tive vontade
de morar ali - aqui
no lá de você
no longe
onde a distância
faz ladeiras
cava abismos
solidão de tanto
não ser.

Nós estaríamos sendo
aquilo tudo
duas setas se encontrando
dois seres se amando
tudo aquilo
que sempre
quisemos ser
um para o outro.

Pena que você não seja
que não veja
que não esteja

não acredite tanto quanto eu
nisso tanto
nisso tudo
no tanto que existe -
há tanto tempo.

domingo, 5 de junho de 2011

SEMEAR


Acordou cedinho
Semeou alfaces
tomates
e amores agarradinhos
Enquanto preparava a terra
revolveu saudades
e poesias
Podou galhos secos,
tormentos
e espinhos
Adubou pacientemente
pensamentos
que precisavam de viço
E divisou na simplicidade
significados minuciosos
para aquele dia

DA PAZ


Pode ser
que a paz
esteja
em qualquer lugar
Mas acredito
que é no mato
que ela goste
de morar

sexta-feira, 3 de junho de 2011


Que nossas cicatrizes
sejam apenas
marcas
no meio de sorrisos

Que não se transformem
em mágoas
em muros
emparedadas parelhas
impedindo
impelindo
a um futuro remorso
de não ter visto
o motivo
de se fechar
de se poupar
de regredir
de reagir
ao movimento circular
de viver.


domingo, 29 de maio de 2011



Estranha memória
Quando cisma
foge vadia
Viaja outros portos
e companhias
deixando o pobre corpo torpe
desavisado
a perambular vazio

quarta-feira, 18 de maio de 2011


Enquanto 
                    não posso falar 
                       tudo o que quero
Escrevo 
              o que sinto.

Sinto saudade.
Muita.
   Sempre.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

CONTEMPLANDO A BELEZA


A beleza da lua me fascina desde a infância. Aprendi a contemplá-la ao lado de minha mãe, que sempre me chamava para estar com ela para assistir às mudanças das fases lunares. Vivi muitas transformações da lua ao lado dela, e pude desfrutar muitas de suas crenças sobre a vida. Nós colocávamos nossas cadeiras preferidas na varanda ou no jardim e ficávamos juntas contemplando o céu, silenciosas sob a influência da lua cheia. Reverenciávamos a noite como uma espécie de meditação e consagração. Ali, parecíamos atingir a totalidade. Nada era dito, nenhum desejo parecia existir naqueles momentos, parecia haver somente corpos entremeados em um único sentimento.

A lua alta com silhueta arredondada era, para mim, a representação sensível e misteriosa do cosmos, que me propiciava o sentimento de religação do meu espírito. Contemplar a lua significava adorar Deus, em seu aspecto feminino, passivo receptivo, acolhedor e renovador. Subitamente uma ciranda de nuvens deixava a lua opaca, a escuridão da noite fechava nossos olhares, deixando-nos serenas. Quando um sentido se apaga, outro se acende. Nesse ínterim conversávamos sobre a beleza. Minha mãe acreditava ser Deus a beleza suprema, enquanto a luz da lua, a bênção a cair sobre nós. O sentimento de gratidão era incomensurável. Poderíamos estar conectadas com o nosso EU profundo e ser UM. Não tínhamos dúvidas que a plenitude daquele instante era a única e verdadeira expressão da beleza.

Contemplar a beleza me emocionava a ponto de surgirem lágrimas. Foi difícil compreender aquela estranha emoção, pois pensava ser tristeza. Por que o belo me fazia chorar? Minha mãe justificava ser pelo fato de algumas crianças serem diferentes das outras, uma criança sensível tinha reações completamente diferentes daquelas com menos sensibilidade, ela conseguia compreender que minhas reações eram normais mesmo sendo incomuns. Todas as vezes que encontrava algo que pudesse me proporcionar beleza, corria para me chamar, pois queria me alimentar de contentamento. Foi um gesto de generosidade e ensinamento repleto de sabedoria. Não sei dizer se a sensibilidade pode ser ensinada, se a capacidade de transcendência ao mundo sensível pode ser herdada, mas sei que a emoção do corpo ao contemplar o belo pode ser construída pela educação e, isso minha mãe o fez com grande habilidade. Não sei o que se passava pela cabeça de minha mãe naqueles momentos, mas ainda lembro-me da imagem de seus olhos repletos de regozijo e orgulho da filha.

Compreendo que chorar ao sentir beleza não é muito comum entre as pessoas, mesmo porque somos condicionados a sentir preocupações e a nos defendermos dos supostos perigos da vida. Não estamos acostumados a exercitar o despojamento de nós mesmos para fazer parte do objeto contemplado afim de nos tornarmos um. Pelo contrário, aprendemos a ser egocêntricos e, portanto, o ego tem de estar protegido por uma barreira na qual se divide o que está dentro (o que é bom e bonito) daquilo que está fora (o que pode ser ruim e feio). Sendo assim, aquilo que é exterior passa a ser uma aparência que ora sagrada, ora não. Ao refletir sobre a beleza, sinto uma gratidão imensa pelo aprendizado daquelas noites de lua cheia ao lado de minha mãe. Mesmo ao constatar minha dificuldade de pertencimento, pude aprender com ela a contemplar a beleza e minha alma foi tocada, deixando importantes marcas em minha existência.

Hoje, 13 de maio de 2011 acompanho a fase crescente da lua que completará o ciclo e se tornará cheia no dia 17. Olhando para o céu, é possível comparar o quarto de lua crescente com o amor que cresce dentro de mim e enche o meu espírito do mais puro amor pelo espírito da mulher que tanto me ensinou a caminhar pela vida. Especialmente hoje, dia em que se comemorava seu nascimento, as lembranças me fazem retornar no tempo para que a gratidão esteja sempre presente em minha alma, nesses momentos, sua figura surge em minha mente e sinto um nó na garganta ao mesmo tempo que as lágrimas rolam soltas, misto de saudades, emoção, amor e orgulho.

domingo, 8 de maio de 2011

VITAL


A gente brincava
A gente brincava de faz de conta
A gente voava...

A gente semeava
A gente semeava as cores, mamãe
E sonhava o novo amanhecer...

A gente cantava 
A gente lia e comia
Comia sim, mamãe, comia poesia!

A gente, às vezes, morria...
A gente ressuscitava, mamãe,
Todos os dias.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

DESTINO


O destino me levou
Mais de dois amores
O destino me prestou
Mais de mil favores

Esse destino danado
De jogar e de perder
Se eu perco para o destino
Mais eu vivo pra valer.

sábado, 23 de abril de 2011



Filho de pais cristãos, Jorge nasceu na Capadócia, região que hoje pertence à Turquia e logo tornou-se um jovem soldado, por volta do séc. III d.c., do Império Romano. Seguidor das palavras do Mestre Jesus, Jorge foi para a Palestina com sua mãe, depois que seu pai faleceu. Na adolescência, Jorge entrou para o exército romano e por ser dedicado e responsável, foi logo promovido a capitão do exército do imperador Diocleciano. Com apenas 23 anos, o imperador lhe concedeu o título de conde, elevando-o a tribuno militar e ao conselho militar, passando a residir na corte imperial em Roma. 

Em Roma, Jorge ficou chocado com a crueldade com que os cristãos eram tratados e começou a dividir sua riqueza entre os pobres. Um dia, quando o imperador Diocleciano declarou seus planos de matar todos os cristãos, Jorge levantou-se e declarou-se contra aquelas decisões, pois, segundo Jorge, os deuses pagãos dos romanos eram falsos deuses e somente nas palavras de Jesus Cristo residia a verdade. Perplexos, perguntaram quem lhe dera tamanha ousadia para falar daquela forma na Assembléia. Jorge então respondeu: "A verdade". À partir daí, iniciou-se uma perseguição implacável contra os seguidores do Mestre Jesus. Diocleciano reuniu todos os senadores e governadores e determinou sua extinção. Misturavam-se todos aqueles que seguiam Cristo, aos ladrões e matadores da época nas prisões romanas. 

Jorge foi torturado de diversas formas a fim de negar sua fé no cristianismo e, após cada tortura era levado à presença do imperador que lhe perguntava se renegaria a Jesus e adoraria aos deuses romanos para livrar-se das torturas. Mas Jorge mantinha-se forte em suas crenças. O imperador não  desistia e numa tentativa de reverter a situação, ofereceu-lhe todas as honras que um romano poderia alcançar desde que negasse Jesus e a Deus. Jorge rejeitou as honrarias e com isso foi mandado para o cárcere debaixo de estocadas de pontas de lança, lá puseram-lhe grilhões nos pés e sobre o seu peito, uma grande pedra. 

No dia seguinte, submeteram-lhe a uma roda grande e cheia de navalhas para que fosse despedaçado. Por baixo da roda havia tábuas nas quais estavam pregadas muitas pontas agudas como canivetes, então puseram-no atado entre as tábuas e a roda. Jorge mantinha-se firme e cantava orações para aguentar. Foi quando diante do Imperador Diocleciano surgiu uma imensa luz branca seguida de um trovão e uma voz soou para que outros ouvissem e disse: "Não temas, Jorge, porque estou contigo". Logo em seguida surgiu um homem vestido de branco em cima da roda, muito resplandecente no rosto, deu a mão ao Santo Mártir, abraçando-o mandou desatá-lo; logo desapareceu aquele varão de tanta claridade e ficou Jorge solto, livre e são dando graças a Deus. Conta-nos os escritos de "Flos Sanctorum".

O imperador não descansou. Mandou Jorge para uma fornalha de cal virgem durante três dias, ordenando que o vigiassem para que não viesse de nenhuma parte ajuda alguma. Mais uma vez Jorge saíra ileso da tortura. O imperador não desistia. Mandou calçar-lhes chinelos de ferro ardente, confeccionados com pregos voltados para cima e, ser levado ao cárcere com açoites e zombarias. Disse Diocleciano: "Agora veremos Jorge, se diante dos nossos olhos fazes milagres!” E continuava a tortura a não lhe fazer efeito. 

O imperador mandou chamar Athanasio, mágico da localidade. Era um feiticeiro a quem Diocleciano ordenou que destruísse Jorge. O mágico preparou bebidas com poderosos venenos para quebrar-lhes a fé e o poder que pensava vir de feitiçaria. Nada adiantou. Como última tentativa de desacreditar os seus poderes, ordenou que ressuscitasse um morto, que ali próximo estava enterrado. Após este feito, não havia como estancar a peregrinação do povo em sua direção. E quanto mais aumentavam seus seguidores, mais o imperador o odiava. Sua maior seguidora foi a própria esposa do imperador, a imperatriz Alexandra que converteu-se ao cristianismo.

Por fim, não obtendo êxito, o tirano cheio de ira mandou degolar Jorge fora da cidade, em Nicomédia, em 23 de abril de 303. Seus restos mortais foram transportados à cidade onde nasceu e mais tarde, o imperador Constantino mandou construir um grande oratório aberto em seu túmulo, para que o culto ao santo fosse espalhado por todo o Oriente. 

São Jorge é considerado um dos maiores santos da Igreja Católica e é santo patrono da Inglaterra, Portugal, Geórgia, Catalunha, Lituânia, da cidade de Moscou e, extra-oficialmente da cidade do Rio de Janeiro.

Aqui no Brasil, São Jorge tem uma forte ligação com a Lua. Esta associação acontece porque na Bahia, o santo é sincretizado como Oxossi, orixá associado à lua.

E SALVE JORGE!