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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

AQUELA SENSAÇÃO QUE SÓ BATE EM DEZEMBRO


Tive um sonho muito esquisito. Alguns sonhos são esquisitos, mas esse foi mais: todos os meus amigos tinham nome de mês. Junho, Julho, Outubro, Novembro. Os doze meses estavam ali representados, certinho. E por incrível que pareça, o que eu me dava melhor, era Dezembro. Agosto - mês do meu aniversário - ficava com ciúmes, mas isso não era algo que eu pudesse controlar. Dezembro sempre me compreendia mais, dava os melhores conselhos, me ouvia e quando eu tinha vontade de jogar tudo para o alto, ele vinha e me mostrava todas as coisas boas que tinham acontecido. Ele dizia que se olhasse dessa maneira, adquiriria forças para começar tudo novamente. E é justamente nesse momento que bate aquela sensação gostosa de que o ano, com todas as suas dificuldades, foi bom.

 Puxa vida, como foi bom!

Desde todas as coisas materiais – mesmo as mais fúteis – até as pessoas que entraram em nossas vidas. E mesmo as que saíram. As que voltaram e, principalmente, aquelas que nunca ousamos imaginar que voltariam.

No sonho, eu havia feito uma tabela para selecionar as melhores coisas que cada mês tinha oferecido. Dezembro não tinha nada. Ele apenas me ajudava a mensurar, agradecer e dar significação às lembranças. Cada detalhe das poucas oportunidades que tivemos de dividirmos a nossa vida, as alegrias, as coisas simples, a valorização dos amigos de todos os dias, o reencontro com os velhos amigos tão queridos e especiais, os sorrisos, as piadas, as recordações. Tem horas que ainda me pergunto quais eram as possibilidades de dar certo – e agradeço por ter dado. Algo que não imaginaria: reencontrá-los, do nada, numa cidade que não era mais a minha. Mas que mesmo assim fiz nela minha romaria.

Dezembro também fez questão de me felicitar por alguns esforços. Por eu ter deixado alguns confortos de lado pra fazer algumas pessoas felizes, pra me fazer feliz. Mas eu disse pra ele que mais que um compromisso com as pessoas, eu tinha um compromisso comigo mesma. E sempre vou ter: fazer por merecer as coisas que tenho vontade, junto com as pessoas que merecem. Dezembro achou bonito e quis ter sido Outubro. Só para ter vivido comigo a alegria plena que é um reencontro depois de mais de vinte e cinco anos, ser recepcionada da melhor maneira que existe, receber carinho, ser mimada, abraçar os amigos, beijá-los, declarar que os ama incondicionalmente e que apesar do tempo não foram esquecidos, ouvi-los atentamente, sorrir e chorar de felicidade, passar um final de semana admirando paisagens, sentindo frio e sendo aquecida pelo calor da amizade, comer uma pizza juntos e poder dizer em voz alta que em qualquer circunstância da vida eles continuam lindos, que são pessoas do bem e que tenho orgulho de cada um.


Mas, garanti para Dezembro, que no próximo ano ele estará regado de várias outras sensações como essa. Justo essa sensação que só bate em dezembro. Justo essa sensação que só depende da gente.

Dividir momentos como esses é tão bom que eu espero que se repita logo, que chegue a minha vez de fazer alguém feliz e que ao acordar a gente continue fazendo nossa romaria, para que no próximo Dezembro possamos nos sentir assim tendo feito parte disso mais uma vez.
O carinho que recebi ainda está comigo no cantinho do coração, as recordações de um caderno vêm me lembrar das saudades que sinto e, que não vão embora junto com esse ano.