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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

DOCE INSÔNIA


Na maior cumplicidade e sintonia
viajaram pela poesia...
Gargalharam pela madrugada
Riram de forma abusada
de todos os conceitos e normas...
De toda forma de lucidez
E quando se viram
já sem a lua e as estrelas
pediram deslavadamente ao amanhecer
que apagasse a luz outra vez...


Cenário


Olho essas paredes
separo os ambiente
que decorei
sem olhar
que eu criei
sem querer decorar
que arrumei
para uma felicidade
que nunca existiu.

Hoje sei a diferença
entre vitrine e cenário
É vida
É espaço cênico
de cada um
no seu mundo.

Pensei nas cores
não quis saber dos espaços
vazios
só pensei nos móveis
imóveis
preenchendo
o que nada houve
nunca foi nada
inexistiram pessoas
o cenário virou vitrine
capa de revista
não revista 
por muito tempo.

Combinação de cores
equipamentos de som!
e a combinação de sentimentos
equipamento de ideias?
Só ficou o superficial
no final
que não basta
não preenche a vontade
sem vontade das pessoas
de vir e ir
sem julgamentos
financiamentos
lamentos...
vitrines existem
prontas a se tornarem
cenários
desde que existam pessoas
aptas a atuar
sem medo
do ridículo
do público
das vaias
dos aplausos
de si mesmos.

A vida é teatro
palco!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cheiro Bom


O cheiro era de infância
De estrada de terra
De estrada de ferro
De Maria Fumaça
O cheiro era de café torrado e moído
De café coado
De bolo de cenoura e broa de fubá assados
O cheiro era de doce de leite 
cozinhando no tacho
De paçoca de carne feita no pilão 
O cheiro era de esterco de gado
De mato molhado
De terra afofada
O cheiro era de chuva
e a danadinha ainda nem havia chegado
O cheiro era de vovô carinhoso 
e feliz brincando comigo
De pipa voando no azul do céu
e gargalhadas espalhadas pelo vento
De som de nossas vozes cantando 
as músicas preferidas
O cheiro era de vovô dormindo na rede depois de um dia festivo

O cheiro era de doces lembranças 
e eternas saudades...