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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

NATAL




É Natal. Momento de parar e virar a página de mais um capítulo na história da vida. Uma data, um dia, um mês, um ano; não importa. Importa a vida que corre pelos dias do calendário chamando você e a sua atenção para a necessidade de refletir.

Onde está a alegria, onde está o sorriso? Onde estão as renas a embalar o trenó e o Papai Noel a distribuir presentes e gargalhadas: “Ho, ho, ho...”? Onde a chaminé e a lareira, onde a neve charmosa dos filmes de Natal no Tio Sam? Onde o pinheiro e as bolas, o presépio e o retrato do Jesus Menino a ser presenteado na estrebaria?

A manjedoura dos dias atuais vem desiludir o homem século XXI: nem só de barbas brancas e vermelhos trajes é composto o Natal do homem-celular, do homem-internet, do Adão em crise de auto-estima.

Não mais presépios, nem Josés de cera, nem Marias de barro. Não mais Jesus criança, estrela cadente, nem incenso ou mirra já decadentes. O Natal em Belém, no lombo do jumento, agora afigura-se outro: novo, transparente, globalizado - virtual, on-line em cada casa, muro ou apartamento da morada humana. Não mais chaminés; janelas. Nem candeias na noite escura, mas manhã gloriosa de novas realizações.

É tempo de Natal: renascer em novo dia, com sol cá dentro, iluminando consciências para um novo tempo. Surgindo das torres de fumaça, das montanhas ou das estradas fulgurantes, o Jesus de hoje não quer reis magos. O homem - Jesus de hoje quer as luzes de um novo pensar, a leveza saneadora de um novo amar, o encanto tão sonhado de um prazeroso viver.

Como, Noel? Mostre-me o que fazer para, no fim do ano, haver presentes a receber!

Ah! Menino meigo te digo, não há fórmula nem mistério para viver o sonho amigo. Buscar no outro a aliança rumo ao vôo inaudito; descobrir paisagens de um vigor desconhecido, que abastecem de vida a vida vazia - só no coração, Menino, só na viagem que não tem preço nem horário, velas nem bagagem... É somente no teu próprio mundo embarcando, com alma e coragem, Menino, que teu reino de paz será construído. E ainda, se te esforçares um pouco, poderá ouvir o apito que soa constante, lá no fundo, quase perdido, do trem dizendo: Há dois mil e oito anos tenho partido...
Estação 2009, lá vamos! Rumo contente, leme avante - guia-nos o Menino-Mestre Jesus, velas pra frente, corações içados, singrando os mares que tanto precisamos ver navegados.

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